Aos gritos de “queremos trabalhar”, funcionários do comércio de Manaus foram impedidos pela Polícia Militar do Amazonas de acessar a avenida Ephigenio Salles, mais precisamente no condomínio Villa Rica, onde mora o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC). Esses trabalhadores estão, desde a manhã deste sábado (26), na rua, protestando contra o Decreto nº 43.234 de 23 de dezembro, que fecha praticamente tudo no Estado, deixando aberto apenas estabelecimentos com serviços essenciais, para tentar conter o avanço da Covid-19 no Amazonas.
A manifestação que iniciou pela manhã no centro de Manaus, teve uma pausa e recomeçou por volta das 15h na Bola do Produtor, zona Leste, e às 17h estava na rotatória do Coroado onde uma barreira policial foi colocada usando carros da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) e um caminhão guincho.
Por conta da retenção, o trânsito na zona Sul e Leste foram afetados causando quilômetros de congestionamento.
Em um dos vídeos que circula nas redes sociais aparecem manifestantes gritando palavras de ordem contra Wilson Lima, chamando-o de “vagabundo” e afirmando que precisam trabalhar para sustentar a família. Outro questionamento das pessoas no protesto é que o governador tem como se manter, já que recebe salário do Estado pelo cargo que ocupa, enquanto eles não têm outra fonte de renda.
Na justificativa apresentada para o decreto, o Governo afirma que o número de casos de infectados pelo coronavírus voltou a subir no Amazonas, por isso o momento exige cautela. A única medida vislumbrada pelo Estado foi o fechamento de estabelecimentos não essenciais a contar deste sábado (26) até o dia 10 de janeiro de 2021, período em que o comércio está aquecido.
Abrasel repudia
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Amazonas (Abrasel), Fábio Coutinho, repudiou a medida do governador afirmando e, de forma irônica, “agradeceu” pelo decreto que, segundo ele, prejudica a economia.
“Governador, muito obrigado pelo nosso natal e réveillon. Mais um decreto que prejudica a economia e o comércio. O senhor sabia que a saúde estava em colapso e teve nove meses para organizar os hospital, a responsabilidade pela saúde é sua e nós geramos empregos, salvamos vidas. A culpa não é nossa”, disse o presidente da Abrasel.
TV A Crítica
Impedidos de acessar a Ephigenio Salles, parte dos manifestantes se encaminhou à Avenida André Araújo, em frente à sede da TV A Crítica, queimando objetos como móveis e pneus velhos e gritando “fora Wilson, fora A Crítica”. A emissora era o local de trabalho do governador como apresentador. No programa que tinha, Lima criticava os governantes do Estado, principalmente na área da saúde.